Por Anderson Alves
Olá, coleguinhas de Coluna do Flamengo. Parece que o objetivo do Clube de Regatas Flamengo é não nos permitir dormir. Não bastasse o fato de que hoje teremos o primeiro jogo da final da Copa do Brasil no Maracanã; ações entre os mascotes de Flamengo e Cruzeiro; soltar o custo planejado do nosso futuro estádio; o clube na tarde de ontem, soltou a famigerada nota de opção de compra de um terreno. É. Foi muito difícil dormir
Gostaria de dizer que fui morador da área da Maré, a qual visito com regularidade, e conheço bastante a área em que o terreno fica. É muito bem localizada e, a despeito de qualquer temor, não haverá problemas com violência maiores que em qualquer zona do Rio de Janeiro, inclusive a sul.
O acesso hoje é ruim por conta das obras na avenida Brasil, mas como o estádio não se erguerá como um passe de mágicas amanhã, tenho certeza que foi um tiro absolutamente certeiro da diretoria. Fica próximo das linhas Amarela e Vermelha, o que quer dizer que o acesso de carro é muito fácil. É bem tranquilo de fazer conexão via metrô de duas formas, das quais a integração em Vicente de Carvalho deve oferecer ainda mais opções depois que o BRT ficar pronto, o que foi prometido para o ano que vem. Mas também é possível encontrar integração em Del Castilho e Maria da Graça. A distância para os dois aeroportos é de fácil acesso, inclusive para torcedores que vierem de outros estados que poderão vir com o BRT direto do Galeão. Enfim, no quesito mobilidade foi uma grande jogada.
Vou dar voz a minha megalomania flamenga e dizer logo: Acho 50 mil pouco para um estádio, num terreno de 160 mil m². Ainda mais para o time de maior torcida do mundo. É um pouco desonesto falar dessa final que venderam todos os ingressos online apenas para sócios-torcedores. Não vou fazê-lo! Porém, pretendo apresentar uma contrapartida para um projeto.
Recentemente li em algum veículo que o Flamengo poderia se espelhar num modelo de um time dos EUA que teria construído seu estádio todo com o dinheiro arrecadado através de uma parceria com a torcida. Cada torcedor financiou uma parte e, em retorno, recebeu o direito de assistir aos jogos durante um período de graça. Procurei novamente esta matéria, mas não encontrei. Se alguém encontrar, gostaria de dar os créditos devidos.
Como funcionaria?
Vamos imaginar que o Flamengo resolva fazer a experiência e promova esta ação. O clube fecharia um pacote para cada torcedor com uma espécie de parcelamento de 200 reais por mês. Este parcelamento se encerraria em 5 anos. Fizeram os cálculos? São 12 mil. Já fez o restante dos cálculos? Para alcançar 550 milhões, que foi o valor que ventilaram esta semana, precisaríamos de 46 mil torcedores. Viu como é factível?
Estes 46 mil torcedores entrariam “de graça” nos primeiros cinco anos de estádio. Justo com a torcida que pagou o estádio. Claro que ainda poderia mais. Talvez acrescentar um mosaico no banner que fica atrás dos entrevistados, entrar com os jogadores nas partidas, ou ações no meio dos jogos. As possibilidades são diversas.
É interessante como esta modalidade resolve até mesmo o problema da lotação do estádio. Durante cinco anos, haverá muita torcida no local. E isto nos leva ao segundo piso dessa nossa reflexão: a capacidade.
Vê como 50 mil pode ser pouca coisa? E se o estádio tivesse 50 mil lugares de geral? Ajudaria bastante, aproximaria o clube do torcedor de baixa renda e transformaria o estádio num caldeirão, que é o que nós sonhamos por eras. Os lugares atrás dos gols ultimamente são sempre falados para fazer esta promoção. É um caso muito grande a se pensar. Seria possível fazer cadeiras e camarotes nas posições mais centrais na ordem de 30, 40 mil e cobrar o apropriado para este lugar, dando a opção de baratear os ingressos do setor popular. Se não encarecer muito, é possível ter casa cheia sempre.
“Mas e os jogos contra os pequenos, Anderson”? Calma! Que tal se o estádio tivesse uma espécie de dois ambientes separados, que possibilitasse fechar um dos setores em jogos de menor porte? Isso diminuiria a capacidade e diminuiria os custos, um pouco como já fizeram no Maracanã, liberando só a parte de baixo de alguns setores. De qualquer forma, nesses cinco primeiros anos, teríamos sempre os 46 mil que entram de graça para ter estádio cheio. Ainda parece utópico?
Já fizeram os cálculos das possíveis rendas depois que a “geral” for liberada? Um pequeno exercício matemático nos leva ao número de R$2 milhões só em geral com ingresso no valor de 40 reais. R$1 milhão se todos pegarem meia entrada. De uma forma ou de outra é mais que recebemos na maioria dos jogos em que lotamos o Maraca. Soma-se a isso mais 30 ou 40 mil de arquibancada, camarotes etc. Claro, se vender tudo. Mas repito que, um estádio do próprio clube, sem encarecer o ingresso por ambição, encheria fácil. Consequentemente, melhoraria, ainda mais, este elenco estrelado.
Isso tudo sem colocar a mão no bolso do clube para gastar um centavo. Aumentaria ainda mais o sócio torcedor. É bem possível. Mas entendo que o clube tenha receio. Mantenho minha posição lá de trás. Se construírem para 50 mil, o façam com possibilidade de aumentar depois sem mexer na estrutura. Pensar no futuro também é isso.
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