Nunes fez o terceiro gol do Flamengo na vitória sobre o Atlético-MG por 3 a 2 na final do Brasileiro de 1980 - Foto: Otávio Magalhães/01.06.1980 |
Fonte: EXTRA
Retomada há dois anos, depois de duas edições realizadas nos anos 90, a Supercopa do Brasil inaugura a temporada nacional com um jogo festivo, não exatamente amistoso, entre as equipes que conquistaram Brasileiro e Copa do Brasil no ano anterior. Campeão dos dois torneios em 2021, o Atlético-MG enfrenta o Flamengo, vice no Brasileirão, às 16h, em decisão que funcionará como tira-teima de um duelo que não aconteceu nas finais disputadas ano passado. E que, diante da forma que foi configurada, reaqueceu uma rivalidade de mais de 40 anos entre os clubes.
A única final direta entre os dois foi em 1980, pelo Brasileiro. No ano passado, o Flamengo foi vice do Atlético, mas sem jogo decisivo. As equipes, desde então, protagonizaram disputas no campo e nas redes. Do lado do Atlético-MG, provocações sobre o “cheirinho” e acusações de suposto favorecimento da CBF. Já os torcedores do Flamengo apelidaram o rival com o nome do personagem infantil Peter Pan. Segundo os memes, assim como o garoto, o Atlético-MG nunca cresce. Isso sem falar no folclore sobre os pênaltis dados a favor dos mineiros de um lado, e do “VARmengo” do outro.
“Jogo difícil, tempo acabando, quem não pensou: já vi esse filme aí. Vai ter acréscimos além do razoável e pênalti salvador inexistente será marcado. Com ou sem VAR. E não é que aconteceu exatamente assim?”, provocou Luiz Eduardo Baptista, membro do Conselho de Futebol do Flamengo, depois da vitória atleticana no meio de semana, pelo Estadual.
O Atlético-MG reclama até hoje da partida contra o Flamengo, em Goiânia, pela Libertadores de 1981 - Foto: Eurico Dantas/21.08.1981 |
O fato de ter sido campeão dos dois torneios que levam à decisão da Supercopa tornou o Atlético-MG mandante do jogo. O clube mineiro ainda tratou o Flamengo como um “lucky loser”, termo usado no esporte para qualificar times que tiveram a sorte de entrar no torneio por alguma razão que não seja o desempenho no campo. A diretoria do clube mineiro cobrou a CBF nos bastidores para que o palco da partida fosse definido logo, e não privilegiasse lugares com mais torcida do Flamengo. Com a demora, a desistência de Brasília, pela ausência de público, e a escolha por Cuiabá às pressas, o Atlético-MG se revoltou.
Com a sede definida, veio novo capítulo da polêmica. Em nota, os mineiros criticaram que a decisão do local do jogo, “na forma que foi tomada, é extremamente prejudicial ao Atlético em vários aspectos”. O clube alegou que o Flamengo soube do local antes de o Atlético.
Os clubes reclamaram de falta de isonomia. O Atlético-MG defendeu que Cuiabá não daria ao “verdadeiro Campeão Brasileiro e da Copa do Brasil” igualdade de torcida. Outro motivo pontuado foi que o local é conhecido como dos mais quentes nesta época do ano, com temperaturas extremamente elevadas. “Nosso adversário voltou de férias uma semana antes, ironicamente por não ter disputado sequer a final da Copa do Brasil, de modo que tende a se beneficiar no aspecto físico”, ponderou a diretoria mineira.
Na mesma nota, o Atlético-MG chegou a reclamar que a CBF favoreceu o Flamengo na final do Brasileiro de 1980.
“A CBF inverteu o mando dos jogos finais em uma canetada, tirando o último jogo do Mineirão e levando para o Maracanã, para citar um só exemplo”.
Na ocasião, o Flamengo de Zico enfrentou o Atlético-MG de Reinaldo. Após 1 a 0 no Mineirão para os mineiros, os cariocas venceram no Maracanã por 3 a 2 e levaram seu primeiro Brasileiro. Apesar da igualdade na soma de resultados, o Flamengo teve melhor campanha na semifinal. O segundo jogo da decisão ficou marcado por uma arbitragem polêmica, em função da expulsão de três jogadores atleticanos, incluindo Reinaldo.
A rivalidade ganhou contornos maiores no ano seguinte, quando os clubes decidiram quem seguiria para a semifinal da Libertadores. A partida teve apenas 36 minutos e acabou após o árbitro José Roberto Wright expulsar cinco jogadores do Atlético-MG. O Flamengo foi oficialmente classificado pela Conmebol, e a ferida nunca se fechou. Nem goleadas como a de 2004, por 6 a 1 sobre o Flamengo, pelo Brasileiro, fizeram o Atlético-MG sentir o gosto de vingança. Falta ainda ganhar um título sobre o rival. Naquele ano, os dois clubes lutaram contra o rebaixamento. Agora, são protagonistas do futebol brasileiro em uma nova era.
Times completos
A tentativa do Flamengo em obter a hegemonia a partir de 2019, quando conquistou o Brasileiro e a Libertadores com Jorge Jesus, foi interrompida. Primeiro pelo Palmeiras, que se consagrou bicampeão do torneio sul-americano. Mas diante de novos investimentos de empresários, o Atlético-MG se recolocou na disputa e se tornou uma terceira via em meio à polarização. Nesse cenário, contratou o executivo Rodrigo Caetano em 2021, depois de o dirigente participar da reconstrução do Flamengo entre 2015 e 2018. Sua presença no clube mineiro foi mais um fato que aguçou a rivalidade. Não apenas entre torcedores, mas também dirigentes. No Flamengo, o executivo é conhecido por sua habilidade em conseguir articular nos bastidores para fazer valer seus interesses.
Em campo, os dois times vão com o que tem de melhor. Paulo Sousa deve escalar o Flamengo com três zagueiros, e Rodinei como ala pela direita.
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