Foto: Gilvan de Souza / Flamengo |
Durante a comemoração do gol de Arrascaeta, que definiu a eliminatória, o elenco se reuniu na área técnica e abraçou Sampaoli, em gesto para selar a paz no ambiente turbulento do Rubro-Negro. O ano de decepções que é 2023 ainda pode ser salvo com um possível título do mata-mata nacional, que seria o quinto da história do clube. As páginas rubro-negras podem ter o nome do treinador argentino para sempre.
O alívio por reencontrar o caminho das vitórias
Apesar de todos os problemas vividos ao longo dos últimos 20 dias, o Flamengo segue tendo o que disputar em 2023. A classificação para a final da Copa do Brasil não veio de maneira brilhante, muito pelo contrário: foi um jogo suado, em que o Rubro-Negro, na maior parte dos 90 minutos, não jogou bem. O importante é ter a consciência de que a vantagem construída na ida, ao contrário do que aconteceu na Libertadores, foi preservada.
O Flamengo até teve mais posse de bola – de 54%, contra 46% do Grêmio -, mas teve pouca efetividade na hora de criar suas jogadas. A saída de bola era um problema, já que a pressão dos visitantes era bem encaixada e dificultava a chegada da redonda nos pés de quem sabe: Filipe Luís e Erick Pulgar. Mesmo assim, o Rubro-Negro teve chance de abrir o placar ainda na etapa inicial, em cabeçada de Bruno Henrique, salva por Gabriel Grando.
O Grêmio, por sua vez, apresentava bom volume e criava boas oportunidades, mas sempre parava em Matheus Cunha. A grande atuação do goleiro nesta noite de Copa voltou a dar confiança à torcida após erros na eliminação para o Olimpia. Conforme o tempo ia se acabando, e o Tricolor ia ficando mais desesperado, o Flamengo começou a aproveitar mais os espaços.
Claro que o gol veio de uma jogada despretensiosa, em pênalti extremamente duvidoso marcado pela arbitragem com a ajuda do VAR, mas Arrascaeta não tem nada com isso. Bateu bem e sentenciou de vez a eliminatória. A linguagem corporal do elenco no momento do gol diz tudo: o caminho para a paz está traçado e só depende dos envolvidos.
Por mais que tenha conseguido a classificação, a equipe comandada por Sampaoli não fez um jogo muito coeso. Como mencionado, o Grêmio teve volume para, pelo menos, vazar a meta de Matheus Cunha uma única vez. O destaque fica para a defesa, que soube controlar o jogo aéreo e, quando era vencida, via a confiança do seu goleiro trazer alento.
Jorge Sampaoli também ganhou o reforço de Erick Pulgar, que já desfalcava o Flamengo há mais de um mês com uma grave lesão no bíceps femoral da coxa. O volante tinha iniciado a transição para os gramados no início da semana e, mesmo que não estivesse 100% e apresenta-se falta de ritmo, foi fundamental para o meio-campo do time. O jogo flui de maneira vertical quando o chileno está em campo, do jeito que o comandante gosta.
Apesar disso, o time ainda precisa de muitas correções. Claro que Sampaoli fez mudanças para a partida da últimaquinta-feira, saindo um pouco das suas características com o 4-4-2 em losango, que consagrou Dorival Júnior no Flamengo, mas a equipe continua muito espaçada. Sem a compactação, a troca de passes fica bem mais difícil, e o “amor pelo balón” ameaçado. Também chegou a hora dos atletas dialogarem. O argentino terá muito trabalho pela frente.
O primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil será no dia 17 de setembro, ou seja, exatamente daqui a um mês. Sampaoli terá 30 dias para trabalhar a fluidez da equipe, com apenas o Campeonato Brasileiro por disputar. Um período que pode ser considerado curto por alguns, mas pode mudar de vez uma temporada marcada por fracassos.
Internamente, como a Trivela já havia publicado ao longo da semana, a Copa do Brasil é vista como a única solução para salvar o ano de 2023, uma temporada marcada por fracassos em decisões e eliminações precoces. O Rubro-Negro, inclusive, irá encontrar um velho conhecido na final: Dorival Júnior, campeão do mesmo torneio pelo clube no ano passado. A ironia do destino traz contornos ainda mais importantes.
Para Sampaoli, e o restante do elenco, é ganhar ou ganhar. O argentino conquistou apenas um Campeonato Mineiro no Brasil e, se vencer a Copa do Brasil, se estabiliza como um técnico vencedor e dará ao torcedor do Flamengo um alento neste fim de ano. Se perder a decisão, no entanto, tudo vai por água abaixo. É tempo de trégua e paz, mas também de apreensão. É a calmaria antes da tempestade.
Fonte: A Trivela
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